Ashtanga Yoga, o Sistema de Patanjali • Os 8 Pilares do Yoga
- ANAHATA
- 13 de jun. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 30 de mar. de 2024

O yoga é uma doutrina filosófica oriental que vem sendo largamente difundida e absorvida pelo ocidente.
A diversidade histórico-cultural de raízes profundas apresenta um desafio ao nosso estilo de vida e o casamento entre ocidente e oriente é um relacionamento que pede paciência e dedicação, para que seja harmonioso.
Há muita profundidade e complexidade no conhecimento do Yoga, que possui milênios de tradição.
Grande parte deste ensinamento é conceitual, pois há elementos subjetivos que tanto o pensamento linear como a linguagem objetiva não são capazes de conceber.
Os cinco sentidos e a comunicação verbal convencional apresentam limitações ao que é incognoscível, e é dessa esfera que se trata esta sabedoria ancestral. Por ser uma “doutrina”, a racionalidade e a lógica são fundamentais, pois o Yoga abrange muito mais que uma experiência mística. Ele trata da interação e utilização das faculdades mentais de forma coerente, através de uma prática constante que resulta na aquisição de uma percepção extra-sensorial e habilidades extrafísicas.
A percepção ampliada viabiliza o acesso a cada vez mais “compartimentos” da própria consciência, com capacidade de compreensão crescente. Desse modo se avança na senda do Yoga, até o estágio mais elevado, que é a iluminação, também denominada integração, liberação ou realização do ser.
Esta iluminação consiste em levar a “Luz”, que revela a “Verdade”, a todos os “planos da consciência”, inclusive ao inconsciente. Daí o termo integração, pois não há mais sombras ou elementos desconhecidos ou inacessíveis ao indivíduo.
O ser humano do velho paradigma esteve habituado a negar ou esconder traços de caráter que não são bem aceitos culturalmente, pela necessidade de aprovação e pertencimento ao grupo. Contudo, como tudo aquilo que se exclui volta a se manifestar, deve ocorrer a interrupção do ciclo repetitivo para que se retome o caminho de crescimento. Do contrário, o ser permanece andando em círculos e não avança em sua evolução.
No novo paradigma, a dualidade é tratada com aceitação, acolhimento, ressignificação, compaixão, gratidão e confiança absoluta na Criação. Ao invés da cultura de “combate às trevas”, a luz é conduzida às sombras para que a verdade se revele naturalmente na paz.
O Yoga figura como a mais antiga tradição existente para a jornada evolutiva. Assim como outros elementos da cultura hindu, serviu de inspiração e referência para outras filosofias.
Ashtanga Yoga (“ashta” = oito; “anga” = membros) é uma sistematização para a aplicação prática da doutrina, cujos pilares são: Yama, Niyama, Asana, Pranayama, Pratyahara, Dharana, Dhyana e Samadhi.
O sistema está contido na obra Yoga Sutras, que foi a primeira codificação do Yoga escrita pelo sábio filósofo indiano Patañjali, no séc. VI a.C.
Nesse sistema, os oito pilares são apresentadas numa determinada ordem, que devem ser consideradas como sequenciais pelo praticante seriamente comprometido. Todos os membros são importantes e estão correlacionados, embora sejam ao mesmo tempo independentes. Ou seja, exceto com relação a “yama” e “niyama”, que se relacionam a um estilo de vida, um “anga” pode ser realizado fora da sequência.
Uma constatação disso é a abordagem do yoga no ocidente, que enfatiza basicamente as posturas (asana) e os respiratórios (pranayama), e que produz efeitos muito benéficos. Entretanto, para o praticante que almeja compreender realmente a natureza integral do Yoga, é indicado considerar os membros como estágios, na referida ordem.
A prática do Yoga não é totalmente inofensiva, portanto, é de extrema importância a explanação de alguns preceitos básicos. Várias posturas e técnicas produzem efeitos no Sistema Nervoso Central e Autônomo (Simpático e Parassimpático), com consequências em todo o metabolismo, como por exemplo, na modulação da pressão arterial e ritmo cardíaco. Algumas técnicas respiratórias atuam em centros nervosos “primitivos”, e devem ser supervisionadas por um instrutor habilitado.
A orientação é válida também para o trabalho com a “kundalini” (Tantra Yoga), uma imensa energia em potencial que exige um acompanhamento sério.
Embora não possa ser percebido através da visão comum, somos dotados de uma estrutura sutil, que é o veículo da energia vital. Todo pensamento, sentimento, emoção, palavra ou ação causa um efeito nesse corpo sutil, que é o princípio básico da forma humana perceptível aos sentidos. Esse corpo é o local que a alma escolheu para ter experiências e é a partir dele que se obtém a ascensão.
Assim, a estrada individual vai sendo edificada através das escolhas, de acordo com as tendências e afinidades de cada um, e das oportunidades que surgem durante o percurso.
Os 8 Pilares do Yoga
Yama e Niyama
Base moral e conduta ética para eliminar perturbações mentais e emocionais, alcançando domínio sobre a natureza humana; preparação para práticas avançadas do yoga.
Yama
(Abstenções)
Ahimsa: Princípio da pacificidade ou inofensividade
Satya: Verdade, não ilusão
Asteya: Honestidade, abstenção da apropriação indébita, não causar danos ao outro e a si mesmo
Brahmacharya: Uso adequado da energia sexual, austeridade, comportamento responsável
Aparigraha: Desapego, não possessividade, não cobiça
Niyama
(Observâncias)
Saucha: Pureza e limpeza do corpo e da mente
Santosha: Contentamento
Tapas: Disciplina, autossuperação
Svadhyaya: Estudo e autoestudo
Ishvara Pranidhana: Entrega ao Divino (Ishvara é a deidade responsável pelo Sistema Solar)
Asana
(Postura Psicofísica)
Equilíbrio através do veículo físico
Pranayama
(Controle da energia através de técnicas respiratórias)
Equilíbrio do prana
Pratyahara
(Abstração dos sentidos)
Interiorização
Dharana
(Concentração)
Agudeza do pensamento
Dhyana
(Contemplação)
Estado meditativo ou de fluxo
Samadhi
(Êxtase)
Unidade
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